– Que fazes tu? […] – Vagabundeio, e escrevo ou coisa assim. […] – Tens muita pressa? – Pressa, aquilo a que se chama ter pressa, francamente, foi coisa que nunca tive. Além disso, hoje não se pode ter pressa. Serias capaz de imaginar o homem habituar-se a viver sem táxis, sem correr inquieto de um lado para o outro, sem consultar permanentemente a agenda? Portanto, já vês. Nós, aqueles que levamos uma vida mais ou menos contemplativa sempre acreditámos que isso da pressa era um simples pretexto para perder tempo. Tínhamos razão.
Josep Pla, ‘Viagem de Autocarro’