Amei-o desde o primeiro encontro com os seus livros. A minha paixão nasceu quando vi a sua fotografia num jornal. Durante três meses, de 11 de Novembro de1923 a 2 de Fevereiro de 1924, escrevi-lhe todos os dias. Mas não lhe enviei as cartas. Apenas lhe enviei uma, a que o Senhor não respondeu. No entanto, contemplando a sua fotografia, o seu olhar e toda a sua fisionomia revelaram-me o meu feliz destino: o Senhor não me tinha amor, não, mas reservara-me um cantinho nos seus pensamentos. Pela minha carta de 15 de Agosto de 1924 – festa da Assunção de Nossa Senhora – recordei-lhe a minha existência. E, poucos dias depois, certo reflexo que vislumbrei no seu rosto, na mesma fotografia, revelou-me que a minha carta o impressionara.
Henry de Montherlant, ‘Noivas de Ninguém’