[Dançar] é um tsunami, partem-se os espelhos, vais voar! Dói, mas dói mais quando estás parada.
Barbora Hruskova
A música e a dança são em si mesmas movimentos e figurações primordiais do espírito humano que anunciam uma ordem de existência mais próxima do mistério da criação.
André Mesquita, coreógrafo, jornal Público
Perto das oito [da manhã], João Botelho despede-se dos ritmos frenéticos da discoteca Lux, em Lisboa, e, já na rua, fuma um cigarro e observa os cambiantes de cor da madrugada […] Botelho cerra os olhos e volta a abri-los. ‘Está a luz perfeita para filmar. No inverno, às dez para as oito a luz é magnífica. Se fecharmos os olhos durante cinco segundos quando os abrimos vemos que a cor do céu ficou diferente e vai mudando de minuto a minuto até o sol nascer por completo’. O realizador esteve a noite inteira a dançar. Aos 65 anos, continua com a energia de um rapaz. ‘Não ando no ginásio, em vez disso, danço. Sou bom bailarino’. Noctívago convicto […] Botelho dança sem parar, sente a música com o corpo todo, transpira, ri-se e tem longas conversas com amigos e amigas. ‘Costumo levar três t-shirts e, de duas em duas horas, vou mudar. Se não, a transpiração pode incomodar.’
Bernardo Mendonça, revista do semanário Expresso