Da minha colina, entre o Cais do Sodré e a Ajuda, vejo três nespereiras, uma oliveira, vários pinheiros, várias laranjeiras, uma grande araucária que tapa o boneco do Cristo-Rei em certos ângulos e o que parece a fímbria de uma palmeira ainda intacta. Sou uma selvagem retornada, não sabia que as palmeiras de Lisboa estavam a morrer assim aos milhares até um amigo agora me levantar os olhos, copas e copas caídas, desvitalizadas pelo robusto Rhynchophorus ferrugineus, mais temido como escaravelho (ou gorgulho) vermelho. Este ferruginoso comedor estreou-se no Algarve, subiu ao Porto, alcançou a Madeira, só lhe faltam os Açores, se entretanto a Easyjet não o tiver levado.
Alexandra Lucas Coelho, revista P2