[A vida de] Philip Larkin não tem muito que se lhe diga. Trabalhou como bibliotecário. Viveu numa entediante cidade de província, Hull. Raramente viajou. Era de poucas amizades. Nunca se casou nem teve filhos. O seu dia-a-dia é assim descrito por Martin Amis, que o conheceu: ‘Larkin trabalhava das nove às cinco, depois escrevia, depois bebia; tratava da mãe, correspondia-se com os amigos, e manteve meia-dúzia de ligações amorosas. E é tudo’. […] A personalidade de Larkin é relevante apenas na medida em que enforma a sua persona poética: um ‘eu’ enclausurado, sozinho, estóico, pouco ambicioso, precocemente envelhecido, emocionalmente incapaz. Interessa-nos saber que o poeta definia a sua infância como um período de ‘medo e aborrecimento’, e interessa-nos que diga numa carta, escrita na casa dos trinta, que vive do ‘remorso’ e do ‘arrependimento’.
Pedro Mexia, actual