Nada nos transmite de forma mais óbvia a noção de eternidade do que um feixe de luz que se desloca através de um espaço. Dia após dia, ano após ano, paredes, tectos e chão cedem ao desgaste provocado pelo tempo, mas, imperturbável, o feixe de luz continuará sempre a cruzar aquele espaço. À luz está permanentemente associada uma noção de temporalidade. Quando falam sobre este tema, os arquitectos recorrem frequentemente ao Panteão de Roma. […] [Neste], através do óculo circular aberto no topo da cúpula, passa diariamente um feixe de luz que marca a passagem do tempo no sentido inverso ao de um relógio de sol. E é também a evolução do tempo que através dessa abertura podemos ver no céu.
José Mateus, arquitecto, revista P2