Nos velhos tempos do estalinismo, quem dissesse ser de Estalinegrado tinha direito a um tratamento especial. Era visto como um herói, alguém ligado ao espírito de resistência de uma cidade onde o exército vermelho impôs uma derrota às tropas nazis que mudou de vez o curso da II Guerra Mundial. Era homenageado como um cidadão associado ao lugar da batalha mais sangrenta da História, que elevaria a União Soviética à condição de potência mundial.
Stepan Smirnov é desse tempo e lembra-se de chegar a qualquer ponto do país, dizer que era de Estalinegrado e receber ‘abraços de gratidão’. Hoje já não o pode fazer. Porque a cidade já não se chama Estalinegrado. Chama-se Volgogrado e ser daqui ou de qualquer outro lado da Rússia é a mesma coisa.
Manuel Carvalho, jornal Público