Os desenhos [de Manuel Aires Mateus] exploram a abstracção dos espaços, são volumes simples que acentuam a geometria das superfícies. Imagine-se um quadrado, um círculo, uma estrela, uma cruz, as superfícies transformam-se em volumes cujas dimensões permitem ser habitados e habitar esses espaços transforma-se por si só numa experiência física singular. Passamos a viver num universo de formas, aparentemente puras e lapidares, mas cujas intersecções entre elas geram momentos sublimes. Subir as escadas para o piso superior passa a ser uma experiência transcendente, um janelão aberto sobre a paisagem transporta para o interior a vitalidade da vida exterior, cada espaço tem uma singularidade própria que lhe dá carácter, um carácter evidente, forte.
André Tavares, jornal Público