Quando dou aulas, uma das coisas que insisto perante os alunos é que não vejam as pessoas de que falamos – sobretudo se forem autores, pensadores, artistas, políticos, cientistas e outros homens e mulheres célebres – como se fossem nomes numa enciclopédia, mas antes como mulheres e homens que viveram como os humanos vivem: foram jovens, entusiasmaram-se, hesitaram, tiveram medo, apaixonaram-se e zangaram-se uns com os outros, e também não viam as pessoas à sua volta como figuras prontas a entrar nos livros de história, mas como gente do seu tempo por quem tinham amor ou ódio, respeito ou amizade, antipatia ou empatia.
Rui Tavares, jornal Público