Em três anos e meio, Ana Barbeiro [do movimento O Porto não Se Vende] viu erguer-se um outro Porto. ‘Vizinhos a sair e mercearias e cafés a fechar’ por um lado, ‘novos estabelecimentos muito modernos e inovadores’ a abrir, por outro — estes com o pormenor de, pelos preços praticados, serem quase sempre inacessíveis aos moradores. Mais ruído, festas quase todos os dias, veículos eléctricos ao estilo tuk-tuk que compensam o silêncio dos motores com música estridente, portas a abrir e a fechar a horas próprias de aeroportos, rodinhas das malas a ecoar no chão. ‘Coisas mínimas’, admite, ‘mas que acabam por se tornar incómodas,’ ‘Não é muito fácil compatibilizar as vidas de quem vive permanentemente num espaço com aquelas que estão de férias.’
Mariana Correia Pinto, jornal Público