Mais do que criar roupas que as pessoas pudessem simplesmente vestir, Alexander McQueen queria avançar os limites da moda e ‘criar peças com um conteúdo emocional, que pudessem ser passadas para outras pessoas, como uma herança’. Nunca jogava pelo seguro. Há nas suas colecções um sentido macabro do maravilhoso que se funde com o requinte das suas peças. Vestidos que parecem discos voadores. Tecidos que lembram a pele de uma qualquer espécie mutante. Casacos de onde brotam chifres de antílope. Corpetes metálicos que mais parecem armaduras. Sapatos que se assemelham à cabeça de uma criatura alienígena. Vestidos de noite revestidos com conchas de lingueirão. Peças cobertas de penas de pato, de peru, de avestruz, de gaivotas… Obcecado pela revista ‘National Geographic’, o seu trabalho é uma narrativa de transformação, como uma serpente que muda de pele. Alguns dos seus desfiles poderiam ser narrados por David Attenborough.
Nelson Marques, revista do semanário Expresso