Quando era miúdo e pedia dinheiro ao meu pai para ir comprar guloseimas na loja da esquina, ele dizia-me para ir procurar trocos nos bolsos do casaco. Invariavelmente, descobria um bloco de notas enquanto lhe vasculhava os bolsos. Mais tarde, se lhe pedia fósforos ou um isqueiro, nas gavetas, encontrava pilhas de papel e blocos de notas. Uma vez, perguntei-lhe se tinha tequilla e disse-me para ir ver ao congelador, onde dei também com um bloco de notas extraviado. Na verdade, conhecer o meu pai era (entre muitas outras coisas maravilhosas) conhecer um homem com papéis, blocos de notas, guardanapos – primorosamente manuscritos – espalhados (cuidadosamente) por todo o lado. Vinham de noites dormidas em hotéis ou lojas de conveniência; os que eram dourados, de pele, vistosos ou mais sofisticados, nunca lhes dava uso. O meu pai preferia utensílios modestos. […] Escrever era a sua razão de ser.
Adam Cohen, filho de Leonard Cohen, ‘The Flame’
Escrever ser a razão de ser é imenso. Agora, um bloco de notas no congelador. Seria esquecimento ou descaso? Rá
cara Lunna, eu acho que deve ter sido mesmo distração ahah mas gostei da imagem de cada ideia deste texto 🙂 boa semana, abraços, PedroL
Talvez uma forma de refrescar ideias…
Único!
sem dúvida Dulce 🙂 abraço, boa semana! PedroL