Lisboa é uma cidade ondulante. Convida à deambulação. […] A cada esquina há uma surpresa. Há ruas estreitas que desembocam em praças desmesuradas, há edifícios monumentais em lugares minúsculos e esconsos. Lisboa tem a mania de meter o Rossio na Rua da Betesga. Há sempre coisas escondidas. Guardadas, viradas para dentro. Há paredes povoadas, grandes muros com janelas pequenas, pátios resguardados. Diz-se que são as influências árabes. Na verdade, a cidade é romana, que os árabes copiaram. A cidade mediterrânica.
José Sarmento de Matos, olisipógrafo e historiador de arte, jornal Público