Como Stuart Hall nos elucidou, ‘aquele que fala, e o sujeito que é falado, nunca são idênticos, nunca estão exactamente no mesmo lugar. […] Todos nós escrevemos e falamos de uma história e de uma cultura que é específica. Tudo o que falamos é sempre ‘em contexto’, posicionado.’ […] Esta ideia é importante porque nos posiciona num ‘tempo líquido’, para usar a feliz expressão de Zygmunt Bauman. E esse tempo é de uma flexibilidade identitária que põe sempre tudo em perspectiva, e que tem levado a uma profunda reflexão no campo da antropologia. Nesse aspecto, o cinema contemporâneo tem evidenciado muitos exemplos em que se absorve esse lugar a que chamaremos de diferença, um lugar de complexidade em que o significado é sempre diferido, e nunca totalmente compreendido.
Daniel Ribas, programador e professor, jornal Publico