A Alma-Ata dos idos soviéticos vive no (e do) presente e se não se arma em futurista high-tech, como Astana, o que por ali se vive tem muito de labor hedonista. Os seus moradores articulam trabalho, geração de riqueza, estudam (é uma cidade universitária, com o seu elaborado teatro de livralhada e exames) e ainda arranjam tempo para artes, lazeres e copofonias — por (quase) toda a parte encontramos esplanadas, belos cafés e bares, menos estáticos ou revivalistas do que de franco timbre contemporâneo. E, por uma vez, uma manifestação de futurismo: o novíssimo Metro, para já com apenas uma linha, tem uma estação com uma atmosfera “espacial”. É a estação Baykonur, que evoca a famosa base soviética de lançamento de veículos aeroespaciais localizada no Sudoeste do país. Além das matérias arquitectónicas, os passageiros podem admirar continuamente numa projecção gigante, ao fundo da estação, filmagens do lançamento de foguetões.
Humberto Lopes, fugas