Para mim, a ópera é definida como uma obra de arte aberta que envolve a dimensão visual, o movimento em palco, o som e as palavras. Estes são elementos narrativos e têm de estar num perfeito equilíbrio. […] Há compositores que têm uma imaginação muito precisa acerca das cores como sucedia, por exemplo, com [Olivier] Messiaen, que era capaz de dizer coisas como: ‘Aqui têm de tocar mais azul.’ A minha imaginação musical tem mais a ver com os gestos. O branco aqui é metafórico, como o branco da página em branco. O movimento à volta deste branco é algo que está ligado à forma da obra, que começa com uma progressão harmónica muito lenta, como que se fosse em câmara lenta. Vão-se depois formando novas constelações harmónicas e vários modelos de movimento, portanto há uma mudança constante de cores.
Beat Furrer, maestro, jornal Público