Devendra Banhart – Memorial
Na minha vida pessoal tenho dois professores, dois gurus, um é japonês e o outro indiano. A minha prática budista está muito ligada ao Japão. É um país que, em muitas dimensões, nos faz pensar em coisas de que no Ocidente nos fomos desligando. É o caso do silêncio. No Ocidente o silêncio fascina-nos, porque se tornou raro, mas mete-nos imenso medo também. […] Comecei a compor este álbum logo a seguir ao término do anterior, e as primeiras gravações aconteceram durante uma pequena digressão pela Ásia. Andámos por Hong Kong, Pequim, Xangai, Tailândia, Singapura e, à última hora, tivemos a oportunidade de gravar, durante umas horas, num templo budista em Quioto [no Japão]. […] O processo, a disciplina, a prática, [começam] na escrita. É um período de acumulação de material. Nesse período, a viagem, no sentido espiritual, começa. Posso ir para uma biblioteca e ver 20 livros que nada têm a ver com a minha vida, mas sei que depois começo a escrever e o meu universo íntimo acabará por emergir da escrita.
Devendra Banhart, Ipsilon