Uma coisa são programas de entretenimento, outra são programas de jornalismo. […] O principal trabalho a fazer [para esta análise] é eliminar o nevoeiro. Misturar comercial, entretenimento e jornalismo dá mau resultado. […] Em Sintra, o nevoeiro é sempre bonito. Nos media, é sempre mau. Esconde as fronteiras e dilui as responsabilidades dos ofícios. Não se percebe o que é jornalismo, o que é diversão, o que é comercial, o que são conteúdos pagos, as diferenças entre conversas e entrevistas. O nevoeiro cria híbridos e os híbridos fazem mal à democracia porque puxa para baixo os critérios de exigência dos cidadãos. Tal como não pedimos que a cobertura jornalística de uma cimeira da NATO seja divertida, também não pedimos que as conversas de Manuel Luís Goucha ganhem um Pullitzer. […] Goucha não é jornalista. A sua tarefa é divertir e entreter. […] Goucha fala para uma grande fatia de Portugal e por isso é que o trabalho de limpar o nevoeiro é importante.
Bárbara Reis, jornal Público