O Der Bunker foi construído em Berlim Oriental no início dos anos 1940 por trabalhadores forçados durante o regime nazi para servir de abrigo à população civil em caso de ataque aéreo. No cubo de betão armado e planta simétrica existia um intrincado labirinto de 120 salas ao longo de cinco pisos, desenhados para albergar 2000 pessoas. Depois da segunda Guerra Mundial, foi utilizado como cárcere para prisioneiros de guerra pelo exército russo e, nos anos 1950, convertido em armazém para as frutos tropicais importadas de Cuba por Berlim Oriental. […] Adquirido pela família Boros em 2003, [o bunker sofreu] obras ao longo de quatro anos e abriu com uma galeria de arte contemporânea. […] Partiram-se paredes e tectos, desmanchando parte do ar cavernoso e claustrofóbico de divisões que não tinham mais de dois metros de altura. Mas o resto ficou intacto: a escadaria dupla, as bocas de ar, os vestígios das canalizações das antigas latrinas, os graffiti e a tinta negra dos tempos da discoteca. ‘Há vestígios legíveis de como o bunker foi usado: vestígios de uma prisão, de um clube de techno, de câmara escura. Está sempre lá. A arte que exibimos tem de ser capaz de suportar isso’, dizia Christian Boros numa entrevista de 2013.
Mara Gonçalves, Fugas